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terça-feira, 8 de outubro de 2013

DICAS LITERÁRIAS: A MÁQUINA DO TEMPO



por Rossana Menezes


Escrito em 1895, por H. G. Wells A Máquina do Tempo é considerada a primeira obra de ficção a propor a ideia de viagem no tempo de forma controlada e um dos pilares do gênero, junto com os livros de Júlio Verne.
No fim da época vitoriana um cientista constroi, baseado em cálculos matemáticos, uma máquina capaz de viajar através da quarta dimensão, e se aventura indo até o ano de 802.700, onde encontra os Elois, seres pacíficos que parecem viver em um mundo em perfeita harmonia, desprovido de preocupações, desigualdade ou medo. 

O livro, apesar de ser uma ficção, leva a uma reflexão interessante e até perturbadora. Ele tem uma linguagem bem direta e bem fluida para ser um livro do século XIX. De todos os personagens, apenas um deles tem nome e confesso que achei estranho. Imaginei, erroneamente,  que por ele ser o único, teria um papel mais importante. Mas não. Nem o personagem principal tem nome, deixando assim ao cargo do leitor a sua personificação. 
O viajante, como é chamado, ao descer de sua máquina 800 mil anos no futuro, se depara com uma sociedade bastante diferente, organizada e pacífica. O autor faz referência inclusive ao socialismo, como sendo um modelo a ser alcançado e critica claramente o modelo capitalista. No entanto ele logo percebe que algo está errado. 


Ele usa o livro todo como uma metáfora sobre a sociedade da época e que não deixa de funcionar também para a nossa sociedade hoje em dia. Continua sendo um livro bem atual. Ele deixa bem claro a dicotomia entre ricos e pobres, classe trabalhadora e classe burguesa,  sempre antagônicas. É bastante interessante ver a maneira como o personagem traça as suas teorias para o que aconteceu com a humanidade nesses 800 mil anos e a maneira como essas teorias vão sendo descontruídas a medida que o tempo passa e ele vai percebendo a realidade que o cerca naquele momento. A raça dos Elois, que viviam em prédios colossais, com abundância de comida, cercados de música e paz, na verdade não passavam de presas indefesas para os Morlocks, raça que durante anos foi escravizada, segregada e confinada ao mundo subterrâneo e se torna predadora, mais inteligente e extremamente eficaz  do que os Elois. 

É bastante perturbador,  justamente pela forma como ele apresenta esse futuro. Eu consegui imaginar a nossa sociedade atual tomando esse rumo sem o menor esforço. 

Wells deixa bem claro a sua simpatia pelas teorias marxistas e evolucionistas numa crítica social fantástica disfarçada de obra de ficção. 
Está mais do que recomendado!!!

"E tenho comigo, para o meu conforto, duas estranhas flores - agora ressecadas, escurecidas, amassadas e quebradiças - para testemunhar que, mesmo quando a inteligência e a força tiverem desaparecido, a gratidão e uma ternura mútua ainda viverão no coração dos homens. "

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