por Rossana Menezes
Autor: H P Lovecraft
Páginas: 155
Editora: Hedra
ISBN: 9788577151165
Geralmente eu costumo
intercalar minhas leituras. Um livro de ficção, um livro de não - ficção. Mas
faz uns dois meses que engrenei numa onda de livros ... digamos... diferentes.
Comecei lendo um livro de uma autora japonesa, depois li A máquina do tempo (vale
a próxima resenha), li Versos Satânicos, que estava querendo há muito tempo e
descobri H. P. Lovecraft com o chamado de Cthulhu .
Escrito em 1926, publicado
apenas em 1928 na revista Weird Tales, o livro narra a história de Francis
Wayland Thurston, que acha manuscritos deixados por seu tio, professor de línguas
semitas na Brown University, após a sua misteriosa morte. Considerado o maior
clássico da literatura de horror/ terror sobrenatural, o livro tem um tom
extremamente sombrio, bem característico do autor, que consegue passar com
maestria a sensação de que estamos sob a iminência de um acontecimento
terrível. O clima do livro é tão tenso e denso que quase dá pra tocar. Ler um
livro de Lovecraft é ter quase a certeza de que aquela história de que o bem sempre
vence no final é balela.
Ao ler os manuscritos, Francis
se depara com depoimentos que narram um culto a uma criatura nefasta que
habitava a terra muito antes dos homens: Cthulhu, o guardião dos anciões. No
conto, ele estaria adormecido em R'lyeh, uma cidade perdida no fundo do oceano,
esperando o momento certo do alinhamento das estrelas para voltar e dominar a
terra.
A narrativa do livro é
completamente não-linear e o vocabulário é bastante rebuscado. Confesso que ler
em inglês foi desafiador. Eu me senti lendo José de Alencar. Tive que apelar
para o dicionário algumas vezes. E assim como todo bom livro fantástico, é
preciso abstração para compreender até mesmo a arquitetura descrita pelo autor
em alguns momentos.
É um livro curto. Na verdade é
um conto. E falar mais sobre a trama aqui seria correr o risco de revelar
nuances que são muito mais impactantes quando as descobrimos ao longo da
leitura.
Mas deixo aqui a minha total
recomendação e a certeza que irei atrás de outros livros dele.
"A coisa mais misericordiosa do
mundo, creio eu, é a incapacidade da mente humana em correlacionar todo o seu
conteúdo. Vivemos numa plácida ilha de ignorância em meio a negros mares de
infinito, e não está escrito pela Providência que devemos viajar longe. As
ciências, cada uma progredindo em sua própria direção, têm até agora nos
causado pouco dano; mas um dia a junção do conhecimento dissociado abrirá
visões tão terríveis da realidade e de nossa apavorante situação nela, que
provavelmente ficaremos loucos por causa dessa revelação ou fugiremos dessa luz
mortal rumo à paz e à segurança de uma nova Idade das Trevas."
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