de Leonardo Boff.
Editora Vozes, 200 páginas
“Leonardo Boff escreveu um livro denso com a leveza de uma prosa luminescente, minimalista e breve. Em “Cristianismo: o mínimo do mínimo”, Boff dá mais uma vez provas sobejas do alcance de seu fazer teológico, nos limites de uma cultura da paz e da emancipação. Some-se a isso, desde a metade dos anos 1980, sua visão cósmica decisiva — poética e profética —, mediante a qual o núcleo duro da teologia da libertação foi adquirindo novas matizes.
O mínimo do mínimo, para Boff, mora na célebre oração dos evangelhos, o de Mateus ou, mais propriamente, talvez, aquele de Lucas. É um dos pontos altos do que o teólogo define como parte essencial da cristandade. Mas o que realmente encanta no livro de Boff são as diversas interfaces, imagens e espelhos, através das quais as lacunas se interpenetram, formando uma torrente de realidades potenciais e inacabadas.
Uma espécie de teologia da falta ou
da incompletude poderia definir o dinamismo filosófico de Boff quando afirma,
por exemplo, que ‘o próprio Jesus não acabou de ressuscitar. Ele começou em si
o processo de ressurreição, vale dizer, da concretização daquilo que Reino de
Deus significa. Só seu núcleo pessoal ressuscitou’. E que ‘Jesus continua
ressuscitado no mundo, embora ainda participando da vida dos crucificados, seus
irmãos e irmãs, até que, na plenitude dos tempos, acabe de ressuscitar. Ele tem
ainda futuro. A ressurreição está ainda em curso, ela se mostra nos bens do
Reino e da ressurreição como no amor, na solidariedade, na dignidade, da defesa
dos vulneráveis e no cuidado da casa comum, a Terra.’
O livro de Boff não é um ensaio religioso árido, que exige a fé como pré-condição de leitura, como um aviso das repartições que diga aos sem religião ou crença ‘proibida a entrada de estranhos’. Ao contrário, para um bom teólogo não há estrangeiros e nem tampouco uma só porta de entrada.
O livro de Boff não é um ensaio religioso árido, que exige a fé como pré-condição de leitura, como um aviso das repartições que diga aos sem religião ou crença ‘proibida a entrada de estranhos’. Ao contrário, para um bom teólogo não há estrangeiros e nem tampouco uma só porta de entrada.
Diversidade que concorra para a
elaboração de uma cultura da paz, como insiste Boff, ao encerrar o terceiro
livro das Virtudes para um outro mundo possível, quando considera essa nova
cultura: “uma das fontes que mais podem garantir o futuro. Então a paz
florescerá na Mãe Terra, na natureza, na imensa comunidade de vida, nas
relações entre as culturas e povos e aquietará o coração humano.”
Para Boff, a vivência abissal do cristianismo precisa ser entendida como construção, nitidamente aberta, no compasso de uma espera ativa, cheia de possibilidades.”
Para Boff, a vivência abissal do cristianismo precisa ser entendida como construção, nitidamente aberta, no compasso de uma espera ativa, cheia de possibilidades.”
Estes trechos da resenha que o
escritor MARCO LUCCHESI escreveu sobre o Cristianismo – mínimo do mínimo, resume, com
propriedade o que é o livro. Vale a pena conferir e se deleitar com mais esta
preciosidade com a qual Leonardo Boff nos brinda.
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