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sábado, 11 de maio de 2013

EM PAUTA: LECTÍCIA CAVALCANTI LANÇA GILBERTO FREYRE E AS AVENTURAS DO PALADAR

Um Freyre como se nunca viu

Lecticia Cavalcanti revela por completo o universo culinário do sociólgo pernambucano

 

Materia publicada na Folha de Pernambuco em 09.05.2013

 

VANESSA LINS Da editoria de Sabores 

 

Lecticia Cavalcanti, pesquisadora ávida da cozinha de sua terra, sempre teve seus pensamentos e escritos influenciados por Gilberto Freyre. Nunca negou isso, aliás - que bebia permanentemente do que considera o mais fundamental manancial para o entendimento pleno de um dos aspectos mais complexos, e cruciais, da cultura do seu povo: a comida e ritos inexoráveis. Claríssima ficou essa contaminação, positivamente falando, nas suas pesquisas anteriores cujo destaque absoluto é o título “História dos Sabores Pernambucanos”, publicado em 2009 pela Fundação Gilberto Freyre, hoje na 4ª tiragem. O livro se transformou em leitura obrigatória para quem quer ter conhecimento da formação da mesa do Estado, já que revela, como nunca dantes, o cruzamento de todas as sociedades que aqui desembarcaram e deixaram suas marcas em definitivo. 

Quatro anos depois, Freyre volta a ser objeto, des­ta vez com absoluto destaque, dos escritos de Lecti­cia. No próximo dia 23, ela lançará o “Gilber­to Freyre e as aventuras do paladar”, ao qual a Fo­lha teve acesso em primeira mão, com mais de 400 páginas reunindo 1.326 referências sobre comida, culinária, utensílios para o preparo de recei­tas, rituais de cozinha e de mesa feitas por Gilberto, e preservadas em seu acervo pessoal. Não se limitando apenas às obras mais celebradas, como “Açúcar” e “Casa-grande & Senzala”, a pesquisadora passou cinco bons anos vasculhando de cabo a rabo, como diz a expressão popular, todos os documentos produzidos pelo mestre de Apipucos, incluindo prefácios, discursos, artigos em jornais e revistas, passando por todos os livros eternizados em papéis amarelados - o tom que denuncia o sabor do passar dos dias. Enfim, uma imersão em seu mundo, que lhe confere, em tempo e oficialmente, o rótulo de pesquisadora freyriana que, modestamente, ela recusa. “Não sei se sou merecedora disso, tenho minhas dúvidas”, conclui. A nós, é desnudado por completo um personagem mais intenso do que imaginávamos em “Açúcar”, um curioso explorador dos sabores do próprio berço, mas igualmente entusiasmado com os temperos do restante do mundo, um aventureiro, pois. Freyre era um viajante, não somente um turista que deixava as paisagens passarem a esmo, ele registrava a punho todas as experiências transformadoras vividas por ele por meio da alimentação. “Minha fama de guloso vai atravessando fronteiras”, reconheceu.

Mergulho
Se para a própria estudiosa, já familiarizada com a abordagem de Gilberto, o mergulho lhe revelou surpresas, imagine o que nos mostrará. Uma coisa é certa. Esse “raio x” nos fará entender de uma vez por todas o papel revolucionário, e não poético, que Gilberto Freyre exerceu no tocante ao reconhecimento dos valores culturais locais. “Minha geração não podia sequer ouvir o nome de Freyre porque diziam que ele tinha posicionamentos de direita”, lembra a estudiosa. Mas em seus escritos, com foco em alimentação e hábitos correlatos, o oposto disso parece fazer total sentido, e angariou ainda mais admiração da autora: “Hoje, ele é muito maior pra mim. Durante a pesquisa, descobri que sempre usou o alimento para explicar as relações entre as pessoas. Admiro muito mais Freyre e sua obra porque ele foi um revolucionário no seu tempo, quando promoveu a importância da comida em nossa cultura, enquanto ninguém tinha esse olhar, ao contrário, havia muito preconceito com as coisas de cozinha”, ressalta. 

Justo por isso, ela se refere ao pernambucano como o teórico de maior destaque nes­se tipo de abordagem, superando, inclusive, a produção intelectual de nomes como Luiz da Câmara Cascudo e Eduardo Prado. Um dos fatores que corroboram com isso é ter sido Freyre o primeiro autor brasileiro a adotar o imagismo, ou seja, utilizava palavras, expressões e elementos do universo gastronômico para traduzir emoções e sentimentos, a ver “como a vida devia ser vivida” (Lecticia): “sorvendo-lhe o licor, gozando-lhe os encantos de som e as delícias de gosto”, dizia Freyre. É sobre imagens e sabores, aliás, o primeiro capítulo da nova obra. 

O “Aventuras” é, na essência, um livro de referência, podendo ser consultado aleatoriamente sem prejuízo na linha de raciocínio, dividido por capítulos (19 ao todo). Os dois gigantes, Freyre e Lecticia, dialogam o tempo inteiro, recurso corporificado pelas frases negritadas ditas pelo sociólogo e, quando necessário, intersecções da autora sem o negrito. É quase possível assistir aos dois conversando, à beira do fogão ou no solário do Casarão de Apipucos, sorvendo algumas taças do conhaque de pitanga - receita própria, e secreta até hoje, do anfitrião - servida apenas às visitas ilustres e, sem dúvida alguma, uma de suas maiores aventuras gastronômicas de paladar de que se tem notícia. 

O projeto
O “Gilberto Freyre e as aventuras do paladar” tem 19 capítulos: imagens - chei­ros e sabores; o paladar de um gourmet; à mesa com Gilberto Freyre; sabores de longe; o colonizador português; o índio; o escravo africano; outros povos; o oriente; os trópicos; regionalismo; assucar e outros livros de receitas; cozinha brasileira; cozinha pernambucana; casa, cozinha e cozinheiros; o doce e amargo açúcar; bebi­das; pratos e alguns de seus ingredientes; frutas

O livro é resultado de pesquisa viabilizada pela Lei de Incentivo à Cultura (Rouanet) e coordenado e editado pela Fundação Gilberto Freyre

Foram utilizadas imagens (fotos, ilustrações, desenhos) do acervo pessoal do próprio Gilberto Freyre, hoje, preservado como patrimônio pela FGF

Parte da tiragem de lançamento será destinada a universidades e centros de pesquisa de todo o País

Os interessados em adquirir exemplar, poderão encontrar o título em livrarias e na loja da própria Fundação, após o dia 23 de maio

ServiçoLançamento do “Gilberto Freyre e as aventuras do paladar” 
23 de maio, no Pátio Café (av. Rui Barbosa, 141), 17h 

3 comentários:

  1. ola meu nome é leticia pimenta, sou chef em BH e gostaria de um e-mail de contato da leticia Cavalcanti.
    atenciosamente
    Leticia Pimenta

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    Respostas
    1. Cara Letícia assim que conseguirmos o contato lhe informamos ok?
      Atenciosamente
      Jornalistas.Com

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  2. Cara Letícia Pimenta, por gentileza nos envie seu e-mail para nosso endereço eletrônico - jornalistas.com@gmail.com que lhe retornaremos com o contato de Lectícia Cavalcanti, ok?
    Abraço
    Jornalistas.com

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