Por Sérgio Menezes
Esta semana foi especial para
quem gosta de vinhos. Na quarta feira,
25 de setembro, tivemos a visita do
jornalista português e crítico de vinhos Ruy Falcão, no Hotel Atlante Plaza, que nos brindou com valiosas
informações sobre a FORMAÇÃO DOS VINHOS PORTUGUESES. O evento é promovido pelo
Wine of Portugal.
A Wine of Portugal é uma
associação criada em 2010 e incorpora em si os principais valores e características
diferenciadoras dos vinhos portugueses, sendo o resultado de um esforço
coletivo que pretende ver reconhecida internacionalmente a qualidade dos seus vinhos.
Acompanhou Ruy Falcão neste
evento, o editor da Revista Wine Essência do Vinho, Nuno Pires.
A apresentação se pautou em
mostrar as diferenças de conceitos na produção do vinho português.
Vinho é uma bebida que é
produzida em todos os continentes. Temos Cabernet sauvignon na Nova Zelândia e na Austrália, Merlot na Califórnia, Malbec
na África do Sul e Shiraz na Argentina, além de todas elas no Brasil é claro.
Em Portugal existe mais de 250
castas de uvas identificadas e estas uvas são utilizadas no processo produtivo
dos seus vinhos. A grande diferença é que no restante do mundo se utilizam
castas francesas como Pinot Noir, Merlot, Carbenet , Malbec, Shiraz, Chardonnay,
Chenin Blanc.
A Itália detêm a segunda maior
diversidade de castas viníferas e utiliza apenas 12 a 15 variedades em seus
principais vinhos.
Na santa terrinha podemos
encontrar castas famosas como Touriga Nacional considerada como a rainha das
uvas portuguesas, Trincadeira, Tinta Roriz ou Aragonês (Tempranillo na Espanhã),
a Fernão Pires, também conhecida por Maria Gomes, Alvarinho, Arinto, Loureiro,
Baga, Encruzado, Verdelho da ilha da Madeira ou castas com nomes mais estranhos
como Amor não me deixes e Rabo de Ovelha.
Apenas 1% dos vinhos
portugueses utilizam castas francesas em sua composição e mesmo assim por
motivos quase que comerciais/marketing para mercados específicos da Inglaterra
e Norte Americano, onde o consumidor
acha importante a referência de uvas internacionais.
As castas portuguesas mais
famosas, Touriga Nacional, Touriga Franca e Trincadeira já estão sendo
plantadas há vários anos na Califórnia, Austrália e no Brasil. Veja o vinho Paralelo
8 da Rio Sol de Santa Maria da Boa Vista em Pernambuco.
Outra diferença é que a lógica
internacional é fazer vinhos varietais, ou seja, vinhos de uma única casta de
uvas Merlot, Pinot Noir, Cabernet, Chardonnay ou Malbec. Já em Portugal quase
não se usa produzir vinhos varietais. A lógica é produzir vinhos de cortes de
diversas castas formando um mistura onde se busca o melhor de cada casta
vinífera. O buquê de uma determinada uva, mais a persistência de outra acrescida
da cor, dos taninos e da longevidade de
uma terceira ou quarta casta.
Esta lógica influi no modo de
plantar o vinhedo, pois, ao invés de termos plantações separadas de cada casta,
em Portugal se utiliza muito a plantação misturada das várias castas que
compõem o vinho, formando assim um simbiose entre as videiras, o sol, a chuva e
a terra de um determinado vinho.
Por
exemplo:
Alvarinho, considerada uma das
melhores uvas brancas do mundo e por isto mesmo é um dos raros casos de vinho
varietal português. Esta uva é produzida na região noroeste de Portugal, região
dos vinhos verdes e, segundo Ruy Falcão, ao contrários dos vinhos verdes que devem ser
tomados jovens, um vinho com a casta
Alvarinho pode-se guardar por vários
anos. Degustamos um Rolan 2011 extra seco, preço na internet R$ 65,00.
Teor Alcóolico: 13%
Casta: 100% Alvarinho
Cor: Citrina brilhante
Aroma: Elegante e intenso,
presença delicada de notas minerais, aromas de flor de laranjeira, frutas
cítricas e pêssegos em calda.
Prova: boa entrada na boca
e acidez muito bem casa com o conjunto. Harmonioso, cheio de fruto citrino, com
bom volume e um final longo e muito atrativo. Um vinho que mostra bem porque o
Alvarinho é um dos melhores brancos produzidos no mundo.
Da região de Bairrada, fomos
apresentados a Quinta do Ortigão, está localizada no centro da cidade de Anadia. A
Quinta mistura a tradição, a contemporaneidade e a visão que Augusto Brandão
Alegre, primeiro homem a produzir espumantes em Portugal. Degustamos desta
região um vinho Quinta do Ortigão 2010, composto por duas castas sendo 50 % Baga, cuja principal característica é a acidez,
os taninos duros, encorpado com boa presença e 50 % Touriga Nacional para
suavizar a rusticidade da Baga. Um vinho
para harmonizar com pratos fortes.
Setúbal nos brindou com um
Moscatel com cortes de várias safras , tendo como base a safra de 1999 e
envelhecido em carvalho francês. Cor de
mel com graduação alcóolica de 17% ( cuidado aprecie com moderação) este vinho trouxe para os degustadores do
Recife uma unanimidade, o cheiro e o sabor de bolo de noiva. Bastante frutado e
com bom equilíbrio entre o frescor e a doçura, tem um final persistente e
harmonioso. Por ser um vinho especial deve ser servido a 16 º de temperatura, sozinho ou para acompanhar
sobremesas doces ou chocolate. Tempo de guarda até 2030 aproximadamente em
condições ideais.
A Quinta do Noval representou a
região do Douro. Famosa pelo vinho do porto esta vinícola é das mais conhecidas
do mundo. O vinho para degustação foi o
Maria Mansa, 2008 um corte de Tinta Baroca,
Touriga Franca e Tinta Roriz. Cor de Rubi com teor alcóolico de 13 %, aroma
amadeirado, lembrando frutas maduras e secas. Paladar encorpado macio com boa
estrutura. Sedoso na boca, taninos suaves, agradável com final persistente.
Servir entre 16º e 18º
Para falar sobe os vinhos de
Portugal ainda teríamos muito o que escrever. Por hoje ficamos por aqui. Depois voltamos a falar sobre
o tema.
Imagens: Fonte Adega Alentejana
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