Por Rossana Menezes
Diretor: Kleber Mendonça
Filho
Roteiro: Kleber Mendonça Filho
Elenco: Ana Rita Gurgel, Caio Almeida, Maeve JinkingsRoteiro: Kleber Mendonça Filho
Essa semana mais de uma pessoa
veio comentar comigo sobre o filme O Som ao redor. E hoje, meio que de supetão,
fomos assistir na casa de um amigo meu.
Começo esse texto dizendo que o
filme foi eleito pelo Ministério da Cultura para representar o Brasil na
disputa pelo melhor filme estrangeiro. E a minha grande dúvida é: POR QUE???????
Como eu já falei aqui várias
vezes, eu assisto a todos os tipos de filmes. Eu acredito que existem filmes
bons e ruins em todos os gêneros. Comédia, Aventura, Faroeste, Ficção,
Fantasia, Terror, Guerra... até filmes cults, alternativos, independentes. Já
vi bons e péssimos filmes em todas as categorias. Adoro um bom filme iraniano,
indiano, brasileiro... não importa!! Desde que seja bom! Isso tendo sido
deixado BEM CLARO. Deixo aqui a minha opinião sobre O Som ao Redor.
Quando ouvi falar que ele
representaria o Brasil, achei bem legal, pois é um filme de um pernambucano
filmado na cidade onde eu nasci. O filme conta a história de... de que mesmo?
Não sei! Não por que eu não entendi, não por que eu dormi, ou não prestei
atenção. Mas simplesmente por que o filme nos leva do nada a lugar nenhum. Ele
junta nenhum ponto a ponto algum. Ele é um filme simplesmente sem razão de existir.
Tem um ritmo péssimo, lento, irritante. Ele deixa você ansioso o tempo
todo pra que alguma coisa aconteça... e NADA acontece o filme
TO-DO!
O cidadão que vai nadar na
praia de Boa viagem de madrugada, depois de a câmera focar na placa que diz que
naquela área existe risco de ataque de tubarão.
E nada.
O outro que sai na rua sozinho,
o carro que para no meio do nada, a mulher que tranca a porta depois que o
entregador de água entra em casa...
NADA.
Isso se repete durante as mais
longas duas horas da minha vida em frente a uma TV. Um grande, enorme,
incomensurável VAZIO! O filme é totalmente desprovido de propósito.
A não ser pelo fato de ele
juntar em 2 horas e 11 minutos as várias mazelas da sociedade brasileira. O
senhor de engenho que trata seus empregados como propriedade, a mulher que tem
seu carro arrombado e seu cd player levado, mas aceita um som que não é seu, e
que provavelmente foi roubado de outra pessoa, porque era melhor do que dela,
os problemas de segurança, as pessoas que olham para os menos afortunados como
se fossem seres descartáveis. Os condôminos que querem demitir um senhor que
está perto de se aposentar por justa causa pra ele não ter direito às
indenizações, o filho de papai que rouba por diversão... Ele mostra, de
forma sutil, o retrato de uma sociedade totalmente deturpada, que faz sentido
pra quem vive (ou viveu, como é o meu caso) nessa realidade. Mas para o público
estrangeiro não acho que vá fazer a menor diferença.
Eu não sou apaixonada por Recife,
muito pelo contrário, não tenho nenhum apego. Mas sei que, com certeza
absoluta, existem tomadas belíssimas da cidade. A fotografia do filme é feia,
pobre. Não pobre no sentido de mostrar pobreza. Pobre no sentido técnico. É
preguiçosa. Ah, claro, foi proposital. Mas o fato de ser proposital não torna
isso um mérito. A direção e a atuação são da pior qualidade. Os atores deixam o
elenco de Malhação parecendo Fernandas Montenegro e Rauls Cortez. Sofrível,
detestável, embaraçosa. Parece um filme amador. Tem cara, som, atuação de filme
gravado pela turma da 8a série para o projeto da escola.
No fim das contas foram 2h11min
da minha vida que joguei pela janela em um filme que não recomendaria nem para
o meu pior inimigo.
Durmo hoje com uma dúvida que
levarei comigo para o caixão: POR QUE ele vai representar o Brasil no Oscar?
Acho que nunca serei capaz de
entender!
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