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terça-feira, 4 de novembro de 2014

DICAS LITERÁRIAS: JESUS, O ZELOTA




por Eduardo Hoornaert



Apresento aqui um livro recente sobre Jesus, que está sendo bem acolhido pelo público brasileiro, pois já se contam 24 mil exemplares vendidos. Nos Estados Unidos, onde o livro foi redigido, é um best-seller, com mais de um milhão de exemplares vendidos. Trata-se do livro ‘Zelota’, escrito pelo historiador iraniano americano Reza Aslan, publicado no Brasil pela Zahar Editores, Rio de Janeiro, 2014.


O valor do livro está no método. Aslan declara-se historiador, estudou 20 anos a figura de Jesus em diversas universidades americanas e mostra efetivamente as qualidades de um bom historiador. Além disso, escreve muito bem. Ele chegou a se interessar por Jesus depois de se casar com uma americana cristã. Na dedicatória da página titular ele escreve: ‘o amor e a dedicação de minha esposa e de sua família ensinaram-me mais sobre Jesus que todos os meus anos de pesquisa e estudo’. Um islamita escrever sobre Jesus já é uma raridade. Mas revelar aspectos da atuação de Jesus que a igreja normalmente não aborda é uma raridade ainda maior. É talvez por isso que esse livro mobilizou a opinião pública norte-americana e parece estar sendo igualmente bem acolhido pelo público brasileiro. 


Leio na contracapa da edição brasileira: ‘Aslan não está interessado em atacar a religião ou a igreja, muito menos em comparar desfavoravelmente o cristianismo com outra religião. Você não precisa perder a fé para aprender com ele’. Ele vai ao âmago da questão e avança a tese de um Jesus político (‘zelota’), e com isso retoma uma discussão de grande importância, que está ficando em segundo plano ou mesmo esquecido nos dias de hoje. 


Não é que faltem pontos controvertidos no livro ‘Zelota’. Como quando o autor escreve que a ideia do Reino de Deus implica necessariamente a ideia da violência: ‘o Reino de Deus é um chamado à revolução’ (página 135). Outro ponto que chama a atenção é que Aslan escreve que Jesus abandona os trabalhos batismais com João Batista por motivos políticos (página 148).  Sua ‘retirada’ para a Galileia seria estratégica. Ele teria optado por ficar longe de Jerusalém, onde sempre se vê envolvido em discussões com fariseus e letrados ligados ao Templo. É verdade que os doze primeiros capítulos do Evangelho de João estão cheios de controvérsias entre Jesus e funcionários do Templo, mas não penso, de minha parte, que a ida de Jesus à Galileia deva ser unicamente atribuída a fatores políticos. Mas esse é um ponto controvertido, entre outros. Isso mostra como o livro de Aslan merece ser lido e discutido. Enfim, ‘Zelota’ é um livro importante e estimulante.

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