por Eduardo Hoornaert
Apresento aqui um livro recente sobre
Jesus, que está sendo bem acolhido pelo público brasileiro, pois já se contam 24
mil exemplares vendidos. Nos Estados Unidos, onde o livro foi redigido, é um
best-seller, com mais de um milhão de exemplares vendidos. Trata-se do livro
‘Zelota’, escrito pelo historiador iraniano americano Reza Aslan, publicado no
Brasil pela Zahar Editores, Rio de Janeiro, 2014.
O valor do livro está no método. Aslan
declara-se historiador, estudou 20 anos a figura de Jesus em diversas universidades
americanas e mostra efetivamente as qualidades de um bom historiador. Além
disso, escreve muito bem. Ele chegou a se interessar por Jesus depois de se
casar com uma americana cristã. Na dedicatória da página titular ele escreve:
‘o amor e a dedicação de minha esposa e de sua família ensinaram-me mais sobre
Jesus que todos os meus anos de pesquisa e estudo’. Um islamita escrever sobre
Jesus já é uma raridade. Mas revelar aspectos da atuação de Jesus que a igreja normalmente
não aborda é uma raridade ainda maior. É talvez por isso que esse livro mobilizou
a opinião pública norte-americana e parece estar sendo igualmente bem acolhido
pelo público brasileiro.
Leio na contracapa da edição brasileira:
‘Aslan não está interessado em atacar a religião ou a igreja, muito menos em
comparar desfavoravelmente o cristianismo com outra religião. Você não precisa
perder a fé para aprender com ele’. Ele vai ao âmago da questão e avança a tese
de um Jesus político (‘zelota’), e com isso retoma uma discussão de grande importância,
que está ficando em segundo plano ou mesmo esquecido nos dias de hoje.
Não é que faltem pontos controvertidos
no livro ‘Zelota’. Como quando o autor escreve que a ideia do Reino de Deus implica
necessariamente a ideia da violência: ‘o Reino de Deus é um chamado à revolução’
(página 135). Outro ponto que chama a atenção é que Aslan escreve que Jesus abandona os trabalhos batismais com João Batista
por motivos políticos (página
148). Sua
‘retirada’ para a Galileia seria estratégica. Ele teria optado por ficar
longe de Jerusalém, onde sempre se vê envolvido em discussões com fariseus e
letrados ligados ao Templo. É verdade que os doze primeiros capítulos do
Evangelho de João estão cheios de controvérsias entre Jesus e funcionários do
Templo, mas não penso, de minha parte, que a ida de Jesus à Galileia deva ser
unicamente atribuída a fatores políticos. Mas esse é um ponto controvertido,
entre outros. Isso mostra como o livro de Aslan merece ser lido e discutido. Enfim, ‘Zelota’ é um livro importante e estimulante.
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