Porque precisamos escolher bem o que fazer em nosso dia a dia. As nossas escolhas definem a nossa qualidade de vida.


Menu

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

CINEMANIA: Fausto - Faust (1926)



por Rossana Menezes




Tava querendo ver se conseguia revezar aqui e publicar uma semana um filme mais antigo e na outra um que está em cartaz no cinema. Mas infelizmente não tive tempo de ir ao cinema essas duas últimas semanas e na zapeada dominical pelo Netflix, me deparo com algumas pérolas. Ele tem uma parte onde te indica filmes ou séries baseados nas últimas coisas que você assistiu. Como o último filme que eu vi no Netflix foi O processo, ele estava me indicando alguns clássicos. Passei por alguns de Hitchcock que me interessaram, mas quando eu menos esperava ele me indica FAUSTO e eu não precisei pensar duas vezes.

O filme alemão tem direção de F.W Murnau (Nosferatu)  roteiro de Gerhart Hauptman e, obviamente, é baseado na mais famosa versão da lenda, o poema escrito por Goethe, um dos meus livros clássicos favoritos, por sinal.

O filme foi um pouco difícil, confesso. Não por ser preto e branco, não por ser mudo, mas simplesmente por ser legendado em inglês arcaico. Podem rir da minha cara, mas eu estou me tornando uma pessoa preguiçosa e destreinada. Depois de vários anos sem ler legenda (já não lia mesmo antes de morar no Canadá), uma coisa simples pode se tornar uma tarefa complicada. Estou acostumada a ouvir e não mais a ler e acabo perdendo algo que passou na cena quando tenho que ver um filme em uma língua que não entendo. Pra piorar a minha situação, as telas escritas do filme são, obviamente em alemão e a legenda tem um inglês super rebuscado e antigo com o qual eu não estou acostumada. Por sorte, já li o livro e conheço bem a história, então o dano não foi muito grande. Passado esse pequeno detalhe, o filme é fantástico e honra o livro do começo ao fim.

Fausto conta uma versão fantástica de um personagem real, mas que pouco se sabe sobre sua verdadeira história. Muito foi escrito sobre Johann Georg Faust, mágico, alquimista e astrólogo, mas a mais famosa versão é a do escritor e poeta alemão Goethe.

Falando um pouco da história, pra quem nunca leu o livro, Fausto, em um momento de ânsia, desespero, tédio e frustração em relação ao conhecimento de sua época, evoca alguns espíritos e depois o demônio Mephisto, com quem faz um pacto: Sua alma em troca de conhecimento. Ele não envelheceria pelos próximos 24 anos, enquanto poderia estudar e ter o demônio ao seu serviço. Nesse tempo ele conhece a bela Margarida, por quem se apaixona e através de quem ele tenta conseguir salvar a sua alma, mas sem sucesso.

Depois de ter filmado Nosferatu, Murnau se consagrou e a ele foi oferecida a oportunidade de filmar o que ele quisesse. E com essa oferta veio um orçamento bem gordo. O resultado foi estonteante. O filme é visualmente encantador. Uma obra prima do expressionismo alemão.

A história no filme se dá um pouco diferente, já que vender sua alma não é uma iniciativa de Fausto e sim o resultado de uma aposta entre Deus e Satanás. Se Satã conseguisse corromper a alma de Fausto, a humanidade estaria sob o controle dele. Caso contrário, Deus dominaria o mundo. Aposta feita, Mephisto começa a espalhar a praga na terra e as pessoas começam a morrer. Fausto, desesperado decide evocar os espíritos para obter o conhecimento para ajudar as pessoas. Motivo bem mais nobre do que a versão do livro.

O imaginário do filme é fenomenal. A cena de Mephisto tomando conta da cidade é fantástica. A atuação é bem teatral, como de costume na época e mesmo sendo um filme mudo, o clima de horror e desespero, ainda que cercado de poesia toma conta durante as quase duas horas de duração da obra.

Não vou dizer que é um filme que indico para todos. Mas se você não tem problema com filmes antigos ou gosta do expressionismo alemão, vá em frente. Esse é uma obra prima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...