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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CINEMANIA- O Processo (1962)



 Por Rossana Menezes.

 Diretor:  Orson Welles

Roteiristas:  Franz Kafka (Romance), Orson Welles (Roteiro)

Atores:  Anthony Perkins, Jeanne Moreau, Romy Schneider

 Anos depois de ter lido o livro O processo, de Franz Kafka, assisti ao longa filmado em 1962. O filme tem roteiro e direção do polêmico Orson Welles e conta com Anthony Perkins, Jeanne Moreau e o próprio Welles com seu inflado ego no elenco. Ele é tão egocêntrico e excêntrico, que os créditos no fim do filme não são escritos e sim narrados por ele mesmo. 

Aviso logo de cara aos adeptos das grandes produções hollywoodianas que passem longe. O filme é todo preto e branco e tem uma linguagem bem teatral. É simplesmente tão genial quanto o livro. Anthony Perkins (o Norman Bates de Psycho) interpreta Joseph K. Um pacato cidadão que acorda um belo dia (no dia do seu aniversário) e se depara com a polícia dentro do seu quarto, é levado em custódia sem saber por que, sem ser informado de que estava sendo acusado. 

Todo o conflito interno de K, de não saber o que está acontecendo, de ser acusado de uma coisa que ele não sabe o que é, a tentativa de tentar se explicar, de tentar adaptar seu comportamento de modo a atingir as expectativas alheias, apenas o deixavam cada vez mais mergulhado em um abismo de incertezas. 

O filme, assim como o livro, segue de forma bem não linear, entrelaçando o encadeamento racional da história com partes de sonhos e visões do personagem principal. Ele é completamente atemporal e se passa em um lugar não definido, com ruas sempre vazias. O clima é bem noir, quase sombrio, contando com suspensa e até uma pitada de humor. 

Apesar de ser um filme de baixíssimo orçamento, não ter tido sets de gravação, ele passa toda a ideia que Kafka tentar passar no livro. Ele oferece uma boa dosagem de reflexão sobre o sistema judiciário, que é descrito como fraco e desestruturado, extremamente burocrático e preguiçoso, o estado de direito e os conflitos internos aos quais uma pessoa pode ser submetida. 

 Kafka nunca terminou de escrever o livro. Apesar de ter um fim, ele tinha a intenção de escrever outros capítulos. De qualquer forma, não deixou nada a desejar.

Está mais do que recomendado!!


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