Por Rossana Menezes.
Diretor: Orson Welles
Roteiristas: Franz Kafka (Romance), Orson Welles (Roteiro)
Atores: Anthony Perkins, Jeanne Moreau, Romy Schneider
Roteiristas: Franz Kafka (Romance), Orson Welles (Roteiro)
Atores: Anthony Perkins, Jeanne Moreau, Romy Schneider
Anos depois de ter lido o livro O processo, de Franz Kafka, assisti ao
longa filmado em 1962. O filme tem roteiro e direção do polêmico Orson Welles e
conta com Anthony Perkins, Jeanne Moreau e o próprio Welles com seu inflado ego
no elenco. Ele é tão egocêntrico e excêntrico, que os créditos no fim do filme
não são escritos e sim narrados por ele mesmo.
Aviso logo de cara aos adeptos das grandes produções hollywoodianas que
passem longe. O filme é todo preto e branco e tem uma linguagem bem teatral. É
simplesmente tão genial quanto o livro. Anthony Perkins (o Norman Bates de
Psycho) interpreta Joseph K. Um pacato cidadão que acorda um belo dia (no dia
do seu aniversário) e se depara com a polícia dentro do seu quarto, é levado em
custódia sem saber por que, sem ser informado de que estava sendo
acusado.
Todo o conflito interno de K, de não saber o que está acontecendo, de
ser acusado de uma coisa que ele não sabe o que é, a tentativa de tentar se
explicar, de tentar adaptar seu comportamento de modo a atingir as expectativas
alheias, apenas o deixavam cada vez mais mergulhado em um abismo de
incertezas.
O filme, assim como o livro, segue de forma bem não linear, entrelaçando
o encadeamento racional da história com partes de sonhos e visões do
personagem principal. Ele é completamente atemporal e se passa em um lugar não
definido, com ruas sempre vazias. O clima é bem noir, quase sombrio, contando
com suspensa e até uma pitada de humor.
Apesar de ser um filme de baixíssimo orçamento, não ter tido sets de
gravação, ele passa toda a ideia que Kafka tentar passar no livro. Ele oferece
uma boa dosagem de reflexão sobre o sistema judiciário, que é descrito como
fraco e desestruturado, extremamente burocrático e preguiçoso, o estado de
direito e os conflitos internos aos quais uma pessoa pode ser submetida.
Kafka nunca terminou de escrever o livro. Apesar de ter um fim, ele tinha
a intenção de escrever outros capítulos. De qualquer forma, não deixou nada a
desejar.
Está
mais do que recomendado!!
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