Por Rossana Menezes
Alfonso Cuarón
Escritores:
Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón
Elenco:
Sandra Bullock, George Clooney, Ed Harris (Voz)
Release: 4 outubro de 2013 (USA)
Indicações: Filme, Direção, Atriz, Fotografia, Montagem, Trilha Sonora, Design de Produção, Edição de Som, Montagem de Som, Efeitos Visuais.
No meio da missão, algo sai errado e os dois se encontram
sozinhos e sem comunicação, a deriva no espaço.
Quando vi o trailer desse filme no cinema me vieram à cabeça
dois desfechos:
1 - Esse filme é uma versão espacial de Mar Aberto e,
provavelmente tão chato quanto.
2 - Esse filme é completamente diferente do que o trailer
está vendendo e do que George Clooney vem fazendo e vai ser uma super aventura,
e naves alienígenas vão aparecer e salvá-los.
Não foi lá uma perspectiva que me agradou, mas como vinha
ouvindo falar muito bem dos efeitos visuais, resolvi dar uma chance.
Cuarón, mais conhecido por seu
trabalho em Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban, levou o cinema um
passo a frente quando decidiu fazer esse filme. Disso eu tenho certeza. A
começar pela desconstrução dos eixos com os quais estamos acostumados. Mesmo
quando vemos um filme passado no espaço, gravidade zero, as câmeras sempre
mostram uma perspectiva de quem está vendo o filme. Geralmente eles mantém os
eixos horizontais e verticais bem definidos, mas em Gravity isso muda
totalmente. Lembro que cheguei a pensar que minha cabeça tava dando mais voltas
do que minha última ida a um parque de diversões, algumas semanas atrás. Houve
inclusive quem passasse um pouco mal. É bem interessante perceber essa
perspectiva do diretor, que consegue passar pro telespectador a sensação de
desconforto que um ser humano tem quando está fora do seu habitat natural. E
isso Cuarón faz com maestria. O filme é, acima de tudo, um filme de
sensações.
A ideia do filme existia há mais
de 5 anos, mas quando ele conversou com David Fincher, foi informado de que não
havia tecnologia disponível ainda pra realizar tal coisa, e que ele deveria
esperar no mínimo mais uns 5 anos. Cuarón esperou quatro anos e meio. E cada
minuto do filme mostra o esmero, o cuidado e a genialidade desse
mexicano.
Outra coisa interessante nesse
filme é a falta do uso do chromakey, ou fundo verde. Nesse caso foi utilizada a
Light Box, uma caixa gigante, com 196 painéis de led que exibiam o
cenário por trás dos atores em altíssima qualidade, além de dar uma noção
de direção e distância. O realismo é uma coisa absurda, e essa é uma técnica
que deve fazer parte dos filmes daqui pra frente. Junte a tudo isso o fato de
sermos levados por cenas sem cortes por mais de 15 minutos, o que não é uma
novidade, mas não deixa de ser uma coisa bem complicada de fazer.
A direção do filme é impecável.
Como falei antes, esse é, acima de tudo, um filme de sensações. Cuarón
conseguiu como poucos, passar o medo, a fragilidade humana diante do infinito
do espaço, o instinto de sobrevivência, desespero. O realismo do cenário e a
atuação de Sandra Bullock e George Clooney (contra todas as expectativas)
contribuem para o brilhantismo do filme. Isso tudo sem falar na perfeição dos
efeitos sonoros. A única vez que eu tinha visto em um filme, passado no espaço a
questão de que o som não se propaga no vácuo, foi em Star Trek (2009). Fui ao
delírio quando na primeira cena de batalha espacial não se ouve absolutamente
nada!! Quase choro. Em Gravity isso acontece o tempo todo. O único som que
ouvimos é o dos comunicadores dentro dos capacetes dos astronautas e os barulhos do organismo deles. Fora isso,
todas as cenas externas são desprovidas de som ambiente, contando apenas com
uma música de fundo.
Mereceu todas as indicações que recebeu ao Oscar!!! #Natorcida
Mereceu todas as indicações que recebeu ao Oscar!!! #Natorcida
Mas deixando um pouco a parte
técnica de lado, vamos falar sobre o que interessa à maioria das pessoas: a
história!
O filme não é uma versão espacial
de Mar Aberto e muito menos uma clássica aventura de ficção científica como eu
havia imaginado. Ele está muito mais para uma versão moderna de 2001 - Uma odisseia no espaço, do que qualquer outra coisa. Ele vai além do visual, ele vai
além dos sentidos.
Ele não só brinca brilhantemente com nossa visão, nossa
audição e nossa noção de espaço, como também nos leva a refletir sobre o nosso
lugar no mundo, sobre o papel da humanidade na história, sobre o tamanho do ser
humano diante do desconhecido. Ele fala de sobrevivência, instinto, renascimento,
fechando o filme com uma das mais belas sequências dos últimos tempos no
cinema, nos levando do grande momento da humanidade, da tecnologia, do domínio
das máquinas e da exploração do desconhecido muito além do nosso horizonte
diretamente ao começo do processo evolutivo.
Sim, me lembrou bastante de 2001,
mas não é uma imitação. Talvez uma homenagem, mas com uma abordagem
completamente diferente e com um ritmo absolutamente distinto. Gravity é
rápido, é tenso, é intenso.
E aí, recomendado?
SE você não sofre de de labirintite!
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