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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

CINEMANIA: Gravidade - Gravity (2013)

Por Rossana Menezes



Direção:
Alfonso Cuarón
Escritores:
Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón
Elenco:
 Sandra Bullock, George Clooney, Ed Harris (Voz) 
Release:  4 outubro de 2013 (USA)
Indicações: Filme, Direção, Atriz, Fotografia, Montagem, Trilha Sonora, Design de Produção, Edição de Som, Montagem de Som, Efeitos Visuais. 





Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock), uma conceituada engenheira médica, segue na sua primeira missão espacial, junto com o veterano astronauta Matt Kowalsky (George Clooney), que por sua vez comanda a sua última missão antes da aposentadoria, no que parecia ser um rotineiro reparo em um satélite. 

No meio da missão, algo sai errado e os dois se encontram sozinhos e sem comunicação, a deriva no espaço. 

Quando vi o trailer desse filme no cinema me vieram à cabeça dois desfechos: 

1 - Esse filme é uma versão espacial de Mar Aberto e, provavelmente tão chato quanto.

2 - Esse filme é completamente diferente do que o trailer está vendendo e do que George Clooney vem fazendo e vai ser uma super aventura, e naves alienígenas vão aparecer e salvá-los. 

Não foi lá uma perspectiva que me agradou, mas como vinha ouvindo falar muito bem dos efeitos visuais, resolvi dar uma chance. 




Cuarón, mais conhecido por seu trabalho em Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban, levou o cinema um passo a frente quando decidiu fazer esse filme. Disso eu tenho certeza. A começar pela desconstrução dos eixos com os quais estamos acostumados. Mesmo quando vemos um filme passado no espaço, gravidade zero, as câmeras sempre mostram uma perspectiva de quem está vendo o filme. Geralmente eles mantém os eixos horizontais e verticais bem definidos, mas em Gravity isso muda totalmente. Lembro que cheguei a pensar que minha cabeça tava dando mais voltas do que minha última ida a um parque de diversões, algumas semanas atrás. Houve inclusive quem passasse um pouco mal. É bem interessante perceber essa perspectiva do diretor, que consegue passar pro telespectador a sensação de desconforto que um ser humano tem quando está fora do seu habitat natural. E isso Cuarón faz com maestria. O filme é, acima de tudo, um filme de sensações. 

A ideia do filme existia há mais de 5 anos, mas quando ele conversou com David Fincher, foi informado de que não havia tecnologia disponível ainda pra realizar tal coisa, e que ele deveria esperar no mínimo mais uns 5 anos. Cuarón esperou quatro anos e meio. E cada minuto do filme mostra o esmero, o cuidado e a genialidade desse mexicano. 

Outra coisa interessante nesse filme é a falta do uso do chromakey, ou fundo verde. Nesse caso foi utilizada a Light Box, uma caixa gigante, com 196 painéis de led que exibiam o cenário por trás dos atores em altíssima qualidade,  além de dar uma noção de direção e distância. O realismo é uma coisa absurda, e essa é uma técnica que deve fazer parte dos filmes daqui pra frente. Junte a tudo isso o fato de sermos levados por cenas sem cortes por mais de 15 minutos, o que não é uma novidade, mas não deixa de ser uma coisa bem complicada de fazer. 

A direção do filme é impecável. Como falei antes, esse é, acima de tudo, um filme de sensações. Cuarón conseguiu como poucos, passar o medo, a fragilidade humana diante do infinito do espaço, o instinto de sobrevivência, desespero. O realismo do cenário e a atuação de Sandra Bullock e George Clooney (contra todas as expectativas) contribuem para o brilhantismo do filme. Isso tudo sem falar na perfeição dos efeitos sonoros. A única vez que eu tinha visto em um filme, passado no espaço a questão de que o som não se propaga no vácuo, foi em Star Trek (2009). Fui ao delírio quando na primeira cena de batalha espacial não se ouve absolutamente nada!! Quase choro. Em Gravity isso acontece o tempo todo. O único som que ouvimos é o dos comunicadores dentro dos capacetes dos astronautas e os barulhos do organismo deles. Fora isso, todas as cenas externas são desprovidas de som ambiente, contando apenas com uma música de fundo. 


Mereceu todas as indicações que recebeu ao Oscar!!! #Natorcida

Mas deixando um pouco a parte técnica de lado, vamos falar sobre o que interessa à maioria das pessoas: a história!

O filme não é uma versão espacial de Mar Aberto e muito menos uma clássica aventura de ficção científica como eu havia imaginado. Ele está muito mais para uma versão moderna de 2001 - Uma odisseia no espaço, do que qualquer outra coisa. Ele vai além do visual, ele vai além dos sentidos. 

Ele não só brinca brilhantemente com nossa visão, nossa audição e nossa noção de espaço, como também nos leva a refletir sobre o nosso lugar no mundo, sobre o papel da humanidade na história, sobre o tamanho do ser humano diante do desconhecido. Ele fala de sobrevivência, instinto, renascimento, fechando o filme com uma das mais belas sequências dos últimos tempos no cinema, nos levando do grande momento da humanidade, da tecnologia, do domínio das máquinas e da exploração do desconhecido muito além do nosso horizonte diretamente ao começo do processo evolutivo. 

Sim, me lembrou bastante de 2001, mas não é uma imitação. Talvez uma homenagem, mas com uma abordagem completamente diferente e com um ritmo absolutamente distinto. Gravity é rápido, é tenso, é intenso.

E aí, recomendado?

 

SE você não sofre de de labirintite! 



Paga o Ingresso: 


*SPOILER* 
Todos os efeitos visuais e a cena final, quando Sandra Bullock sai da água!   




Matt Kowalski: "Metade da América do Norte acabou de ficar sem Facebook" 



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