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terça-feira, 29 de outubro de 2013

DICAS LITERÁRIAS: MINHA RAZÃO DE VIVER

 por Rejane Menezes

Minha Razão de Viver – Memórias de um repórter, é um daqueles livros que você começa a ler e não consegue mais parar. A autobiografia de Samuel Wainer é escrita de uma maneira que envolve o leitor e desperta a sua curiosidade de seguir em frente com a leitura. Mas, não é simplesmente uma autobiografia, é um passeio pela história recente do Brasil. Traz documentos e imagens que, segundo o próprio autor, falam virtualmente.


À medida que vamos lendo, não encontramos apenas dados da vida pessoal do jornalista, mas, também, as histórias que ele viveu ou teve conhecimento no exercício de sua profissão. São informações complementares que nos conduzem, por exemplo, pelos labirintos e porões do esquema de arrecadação de dinheiro destinado a financiar o contragolpe preventivo entre meados de 1963 e abril de 1964 por partidários do então presidente João Goulart.

Wainer testemunhou e, algumas vezes, protagonizou os preparativos para a ação abortada por inimigos mais ágeis, quando o golpe militar chegou primeiro.

Considerando essas informações como campos minados, pouco antes de morrer, em 1980, ele pediu para a filha, Pinky, que só fossem inteiramente escancaradas 25 anos após a sua morte. Atendendo ao pedido do pai, ela entregou 53 fitas de áudio gravadas por ele a Augusto Nunes, para que organizasse o livro.

Nascido em 1910, não se sabe ao certo qual o local.  Existe uma hipótese de ele ter nascido na região da Bessarábia, Rússia. Mas não existe confirmação.
Um dos mais célebres jornalistas de seu tempo, podemos dizer que ele ajudou não apenas a contar a história do Brasil, mas, também, a fazê-la, estando presente ou, pelo menos, se relacionando aos grandes acontecimentos da época, inclusive envolvendo as mais altas camadas de poder no país, de 1950 a 1964.

Seu comportamento ético-profissional a pessoas e organizações o ajudou a erguer e manter o jornal Última Hora que era, sem dúvida alguma, a sua razão de viver.

Nascido de uma sugestão de Getúlio Vargas, foi a oportunidade que Wainer esperava, há muito tempo, de ter o seu próprio jornal, já que não encontrava um lugar que fizesse jus a seu talento na imprensa brasileira dos anos 50. O jornal sempre se colocou como pró-Vargas e publicava uma carta de felicitações assinado pelo próprio. Chamado carinhosamente por Vargas de “O Profeta”, Wainer foi um grande colaborador das decisões políticas importantes.

Perseguido pela ditadura militar foi obrigado, em 1972, a vender o seu jornal. Depois desta triste e difícil decisão, mudou-se para São Paulo, onde ficou até o final da vida, como jornalista da Folha de São Paulo.

Minha Razão de Viver é mais que uma autobiografia, é também um retrato dos bastidores políticos do Brasil, na era Vargas até o golpe militar em 1964. Vale a pena conferir.

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