Tido como perigoso durante
décadas, o ovo foi reabilitado por pesquisadores do mundo todo.
Nos últimos anos, o ovo vem
sendo objeto de uma reabilitação poucas vezes vista na história da Medicina.
Até mesmo os cardiologistas mais radicais, aqueles que demonizaram os ovos como
os maiores vilões da saúde do coração, começam a rever suas posições. A virada
se deve a uma série de estudos científicos, muitos deles com dezenas de milhares
de participantes, que mostram de maneira muito contundente que a sua condenação
foi uma espécie de julgamento sumário. Se fosse uma questão criminal, seria um
caso clássico de erro jurídico. Analisadas as evidências, veio a público um
novo veredicto: o ovo está absolvido. E as provas, diga-se, não são poucas.
Uma das demonstrações mais
recentes é assinada pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. Em
artigo publicado em janeiro deste ano, resultado de uma pesquisa envolvendo
9.734 pessoas de 25 a 74 anos acompanhadas durante duas décadas, os
pesquisadores demonstraram não haver relação entre o consumo regular de ovos e
o aumento da incidência de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame.
“Não houve diferença entre aqueles que comiam um ovo ou mais por dia em
comparação com quem não comia nenhum”, disse à SAÚDE! o cardiologista Adnan
Qureshi, líder da investigação. “Em apenas um grupo específico, o dos
diabéticos, encontramos dados que mostram que o consumo maior de ovos pode
estar ligado ao aumento da ameaça de doenças cardíacas, mas isso nem sequer
está totalmente claro”.
Uma avalanche mais recente de
trabalhos, entre os quais destaca-se o da Universidade Estadual de Kansas, nos
Estados Unidos, destaca uma substância chamada fosfolipídeo, ou lecitina, como
responsável por interferir na absorção do colesterol e impedir que seja captado
pelo intestino, a partir de onde, naturalmente, iria para a corrente sangüínea.
É como se o ovo, sabendo-se rico nessa molécula, já proporcionasse um antídoto
natural para evitar que seus níveis aumentem demais.
A lista de qualidades é longa e
quase todos os nutrientes estão concentrados na gema, justamente a parte mais
temida porque é onde também está a gordura nociva. A gema é fonte de ferro, por
exemplo, que é fundamental para evitar a anemia. Também tem altas doses de uma
substância chamada colina, que vem sendo apontada pelos pesquisadores como um
nutriente importantíssimo para o desenvolvimento fetal, além de proteger o
cérebro e a memória. Um ovo supre 22,7% de sua necessidade diária de colina.
Com os avanços da Medicina,
descobriu-se que apenas uma pequena parcela do colesterol sangüíneo provém da
dieta a maior parte é produzida pelo próprio organismo. Portanto, elevar a
ingestão de colesterol não provoca necessariamente elevação significativa dos
níveis da substância. Essas evidências levaram a Associação Americana do
Coração a revisar nos últimos anos suas influentes diretrizes dietéticas. O
colesterol da alimentação, segundo seus membros, ainda deve ficar restrito aos
300 miligramas diários. Mas o veto ao ovo tornou-se mais ameno o que é um sinal
de maturidade científica. Algumas pessoas, como os diabéticos e aqueles que já
sofreram infartos, devem obedecer realmente à antiga limitação de três unidades
semanais. Aos demais indivíduos a mensagem é clara: o ovo está liberado.
Infelizmente, sem possibilidade de indenização para quem sentiu sua falta no
prato esses anos todos.
Quebre um ovo e…
O que você encontra nele? É o
que descobrirá agora
Casca: ela é rica em cálcio,
mas há uma polêmica sobre o seu uso na dieta para complementar os níveis do
mineral. Isso porque pouco se sabe sobre quanto o corpo consegue de fato
absorver do mineral oriundo da casca. Então, é melhor não contar com ela para
combater a osteoporose. Além disso, teme-se a contaminação, já que a casca
seria a parte suja do ovo.
Gema: é a casa do colesterol,
mas também é nela que se encontra a imensa maioria dos nutrientes, como as
vitaminas e os sais minerais. Por longo tempo foi excluída da alimentação, mas
sem ela os benefícios do ovo são reduzidíssimos.
Clara: sabe-se que ela é uma
grande fonte de proteína. Mas, ao contrário do que se imagina, tem
proporcionalmente até menos desse nutriente do que a gema, com seus 16 gramas
em cada 100 gramas do alimento. No caso da clara, são 13 gramas.
Como você prefere seu ovo?
Frito: é um clássico, mas é o
menos indicado porque tem mais calorias, além de maior teor de gorduras totais
e colesterol. Se não conseguir resistir, use pouco óleo e coma com moderação.
Cozido: é a receita mais
saudável, pois não leva gordura e é a menos calórica. Deixe-o no fogo de três a
cinco minutos, contados depois que a água começar a ferver. Também é possível
cozinhá-lo direto na água fervente, sem a casca, o chamado ovo poché.
Mexido: foi essa a preparação
usada no estudo que mostrou que comer ovos de manhã ajuda a emagrecer. Em
frigideira com revestimento antiaderente é possível prepará-los sem (ou quase
sem) óleo.
Fonte: http://saude.abril.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário